Agosto Lilás: uma causa que pertence a todos nós

No mês de enfrentamento à violência contra a mulher, conhecido como Agosto Lilás por causa da criação da Lei Maria da Penha (há 16 anos), ainda a muito a ser feito para reduzir o número de vítimas e garantir que muitas delas tenham esse direito respeitado na prática.
Uma prova disso são os dados trazidos pelo IBGE, PCSVDF Mulher (2017) e o Ministério da Saúde:
- A cada 2 minutos uma mulher ainda é agredida no Brasil, na maioria das vezes pelo parceiro íntimo;
- 18 dias por ano é a média de faltas ao trabalho de mulheres em situação de violência; - 53% da força de trabalho do Brasil é composta por mulheres. Portanto, R$ 1 bilhão é a perda anual da economia brasileira por conta dessas ausências.
E por que isso continua acontecendo com tanta frequência?
Segundo o Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da Mental Clean, alguma das razões é que vivemos numa sociedade patriarcal e com grande desigualdade de gênero onde a mulher não é valorizada como uma pessoa com direitos.
Muito provavelmente toda mulher, em algum momento da sua vida, foi transpassada por alguma situação de violência. Isso ocorre porque a desinformação leva muitas delas a não se identificarem com as situações de abuso.
Para dar um basta nessa situação o primeiro passo é saber que existem diferentes tipos de violência e conhecer seus direitos para enfrentá-la.
A Lei Maria da Penha estabelece que existem cinco tipos de violência:
- Violência Psicológica: de forma sutil ou velada, o agressor verbaliza palavras que aos poucos vão tornando a mulher cada vez mais insegura e fragilizada. Ameaças, perseguições, humilhações e controle são algumas das características que se não forem evitadas podem se agravar com o passar do tempo.
- Violência Moral: desvalorizar alguém, espalhando boatos e falsas acusações também é uma forma de violentar. E isso incluir ouvir comentários que depreciam o modo de você se vestir, caluniar alguém pessoalmente ou pela internet e depreciar a honra da vítima com difamações.
- Violência Patrimonial: assim como o seu corpo, sua vida financeira também te pertence. Portanto, ser furtada pelo(a) companheiro(a), ter seus objetos pessoais destruídos ou realizar uma retirada de dinheiro sem a sua permissão são atos de violência que precisam ser tratados como tal, seja com denúncia ou o afastamento dessa pessoa.
- Violência Sexual: já ouviu aquela premissa “meu corpo, minhas regras”?
Em uma relação saudável o(a) companheiro(a) precisa aprender a respeitar a vontade da outra pessoa, independentemente de serem casados, namorados ou adotarem outro formato. Forçar uma mulher a casar, abortar, ter uma relação sexual não consentida ou se prostituir é crime e precisa ser denunciado.
- Violência Física: sinal de alerta máximo, quando se perde o respeito ao ponto de agredir o(a) companheiro(a) é preciso estar atento (a) porque isso pode ser um passo rumo ao feminicídio. Segurar com força, arremessar objetos, bater ou puxar o cabelo, entre outras atitudes, são atos de violência que precisam ser repudiados.
Detalhe: todas essas formas são consideradas ações de violência que se estendem não só aos casais heterossexuais, mas também às parcerias homoafetivas (pessoas do mesmo sexo) ou familiares, incluindo a violência contra o homem.
No caso das mulheres, o Instituto Maria da Penha recomenda que elas procurem, em primeiro lugar, um Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRM) na sua cidade, onde é possível obter informações sobre a Lei Maria da Penha e receber o apoio necessário para romper o ciclo de violência.
Além disso, é indicado ligar para o Centro de Atendimento à Mulher, pelo telefone 180 ou o 100, serviço disponibilizado pelo Governo Federal, para denunciar ou obter informações sobre outros canais de apoio.
Se você está passando por algum tipo de violência doméstica, não sofra calada! Sempre há uma saída!
E se você conhece alguém nessa situação passe essas informações adiante e ajude como puder porque o enfrentamento à violência é uma causa que pertence a todos nós.
Denuncie e busque ajuda!