Dia das Mães: você não é, nem precisa ser perfeita

Quem disse que mulher tem que dar conta de tudo? No trabalho, nas tarefas do lar, na criação dos filhos? De preferência com perfeição?

Uma pesquisa realizada recentemente pela consultoria EDC e divulgada pelo Portal Exame, mostrou que quase um quarto delas (24,64%) se sente angustiada e ansiosa com o volume de trabalho.

E uma das causas desses sentimentos é que elas são mais comprometidas com o trabalho do que os homens, provavelmente pela autocobrança e necessidade de ter que provar o tempo todo que são capazes de desempenhar com eficiência diversos papéis.

O estudo “Mommys e Saúde Mental”, realizado em 2022, também mostra que essa sobrecarga se estende ao papel de mãe que essas mulheres precisam desempenhar, somado à insegurança profissional e ao menor tempo dedicado ao lazer e atividades físicas.

Uma amostra disso é que 34% dessas mães realizam as tarefas domésticas sozinhas, sem a ajuda do companheiro ou de uma rede de apoio, tão importantes para a saúde mental de cada uma delas. Entre as tarefas: 92,4% acompanham os filhos em tratamentos médicos, 84,7% realizam as tarefas domésticas e 80,3% fazem supermercado e outras compras.

É por todo esse cenário que é importante destacarmos a Campanha Maio Furta-Cor, que acontece no mês do Dia das Mães, exatamente para chamar a atenção delas e da sociedade sobre os cuidados que é preciso ter com a saúde mental materna para evitar o esgotamento emocional, a sobrecarga, o aumento da ansiedade e a depressão.

Além da tripla ou quarta jornada que muitas dessas mulheres enfrentam ao se desdobrarem entre a casa, trabalho, família e filhos, elas também estão lidando com as consequências sociais deixadas pela Covid, como: o desemprego, a readaptação na volta às aulas e ao trabalho presencial, a baixa remuneração e os efeitos da violência doméstica que muitas delas sofrem.

Você percebe como é urgente a necessidade de falarmos sobre os cuidados com a saúde emocional de cada uma delas?

Para começar, quem foi que disse que “mulher precisa dar conta de tudo”? Não é de hoje que se fala sobre a necessidade de focar no que realmente é necessário, levando-se em conta as limitações e imperfeições de cada uma, exatamente porque aquele SER PERFEITO que idealizamos não existe.

Então, por que se cobrar tanto sabendo que é humanamente impossível, por exemplo, agradar um filho completamente?

Essa culpa que muitas mães carregam por se acharem insuficientes só leva ao aumento de uma pressão interna e à diminuição da sua autoestima.

É por essas e outras que muitas mães se queixam da sobrecarga de tarefas.

Outro fator que é preciso levar em consideração é que muitas das responsabilidades realizadas pela “Mulher Maravilha” podem e devem ser compartilhadas com outras pessoas da sua rede de apoio, como o companheiro, parentes e amigos.

Por mais simples que seja esse suporte é importante ter alguém por perto com quem se possa contar para desabafar, ajudar a pensar saídas ou até mesmo ser solidário em alguma tarefa. Não tenha vergonha de pedir ajuda, mesmo que seja a de um psicólogo.

Situações de estresse e ansiedade são comuns e fazem parte do nosso dia a dia, mas o problema é quando esses sinais transmitidos pelas nossas emoções passam da conta, fazendo com que a pessoa sofra com alguns sintomas como fadiga e desânimos constantes, dores de cabeça ou no estômago, tenha problemas para dormir ou oscilações frequentes de humor.

Por isso, mulher, fique atenta aos sinais que o seu corpo lhe transmite. Cuide de você com o mesmo carinho com que cuida dos filhos, da família ou de tudo que se predispõe a fazer.

Do contrário, por mais que você corra, de nada vai adiantar se a pessoa mais importante da sua vida, que é você, não estiver bem e em paz com suas escolhas e limitações. Pense nisso!

Por Elaine Medeiros, jornalista e psicóloga