Dia Mundial da Saúde Mental: compromisso com a vida!

A pandemia do novo Coronavírus, que já infectou mais de 5 milhões de brasileiros, escancarou uma realidade que, de alguma forma, faz parte do chamado “novo normal” ao qual a sociedade está se adaptando: o adoecimento emocional da população.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que quase 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com transtornos mentais, 3 milhões morrem anualmente devido ao uso do álcool e 1 pessoa morre a cada 40 segundos por suicídio. Com a pandemia, esses índices certamente sofreram um acréscimo, causando um impacto adicional na Saúde Mental de bilhões de pessoas pelo planeta.

“Já se passaram quase 30 anos desde que o primeiro Dia Mundial da Saúde Mental foi lançado pela Federação Mundial de Saúde Mental. Durante esse tempo, vimos uma abertura cada vez maior para falar sobre Saúde Mental em muitos países do mundo. Mas agora devemos transformar palavras em ações”, afirmou Ingrid Daniels, presidente da Federação Mundial de Saúde Mental, por ocasião do lançamento campanha 2020.

Mesmo assim, falar de Saúde Mental ainda é um estigma em nossa sociedade. Por preconceito, medo ou mesmo falta de informação, 70% das pessoas que sofrem de algum transtorno mental não procuram ajuda.

E isso é muito grave, pois segundo a OMS, cerca de 31% a 50% da população brasileira pode vir a apresentar pelo menos um episódio de transtorno mental ao longo da vida.

Neste Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, a Mental Clean, Consultoria especializada em Saúde Mental do Trabalhador, apresenta uma oportunidade de reflexão sobre o tema, neste bate-papo com a Especialista e Psicóloga Andréa Luz – um momento de olhar para a nossa própria Saúde Emocional, dos nossos familiares e, mais do que nunca, de reafirmar a vida!

A sociedade está mais aberta a dialogar sobre Saúde Mental?

É imprescindível se falar cada vez mais e abertamente sobre o tema. Mas, ainda existem vários desafios, como o preconceito, a falta de informação ou o conhecimento de fontes fundamentadas. Há uma série de notícias disponíveis sobre o assunto, mas algumas sem embasamento que acabam causando um desserviço e comprometendo a credibilidade e relevância do cuidado à Saúde Emocional.

Quais preconceitos que impedem o diálogo sobre Saúde Mental?

Infelizmente ainda nos deparamos com casos em que as pessoas sentem vergonha ou constrangimento para demonstrar ou conversar sobre o assunto, especialmente no campo profissional. Em muitos casos, quando alguns profissionais abordam o tema, sofrem preconceito por parte de gestores e colegas de trabalho. Há muitos desafios a serem vencidos para a compreensão e o reconhecimento da necessidade do autocuidado em relação à Saúde Emocional, como uma ação preventiva e como manutenção da qualidade de vida. O maior deles é a falta de conhecimento ou apreensão equivocada sobre a Saúde Mental versus fragilidade, adoecimento, improdutividade, entre outros estigmas ainda observados na sociedade atual.

Como a pandemia vem impactando a Saúde Emocional da população?

A pandemia mundial da Covid-19 e o distanciamento social colocaram em evidência as nossas questões emocionais. Os dados estatísticos comprovam esse fato a todo momento. É recorrente a publicação nas mídias de alguma notícia relacionada ao aumento do sofrimento psíquico da população, principalmente em quem já tinha fatores preexistentes.

Diante desse cenário, como minimizar esses impactos?

O importante é exercitarmos o autoconhecimento, assim podemos identificar se algo está nos afetando ou comprometendo nossas ações rotineiras e procurar ajuda.

Essas dicas podem ajudar:

  • Diminuir o consumo de informações e acessar somente canais confiáveis de notícias auxilia muito no gerenciamento desses sentimentos.
  • Ficar mais próximo dos familiares, curtir e aproveitar os momentos juntos.
  • Ter espaços de escuta das pessoas da casa, onde cada um possa ser ouvido e acolhido.
  • Partilhar instantes juntos, com conversas, lazer, horário de alimentação, entre outras possibilidades de promover oportunidades de integração e troca.
  • A rede de apoio de familiares e amigos, mesmo a distância, é fundamental.
  • Permitir revisitar-se, aprender coisas diferentes e enxergar novas possibilidades para o momento.
  • Aceitar que pode buscar ajuda profissional, se precisar!

Como podemos perceber que algo não vai bem?

É natural nesse momento de tantas incertezas nos depararmos com sentimentos de angústia, ansiedade, irritabilidade ou medo. Porém, é preciso estar atento à

duração e à intensidade de sinais e sintomas emocionais e físicos, pois a permanente sensação de mal-estar sinaliza que precisamos de apoio profissional para sairmos de um estado de sofrimento emocional.

Como ajudar alguém que está em sofrimento emocional?

É importante que, em primeiro lugar, você tenha empatia pelos sentimentos e sofrimento apresentados pela outra pessoa. Demonstre apoio e uma escuta realmente interessada em compartilhar desse momento com o outro, esteja disposto a ouvir e a acolher. Evite demonstrar sua opinião, não estabeleça julgamentos ou conselhos do que a pessoa deveria ou não fazer. Escute, acolha e incentive a busca por ajuda profissional qualificada.

Mesmo que as estatísticas apontem indicativos do aumento do adoecimento mental de grande parcela da população, falar sobre o assunto é o primeiro passo para transformar essa situação.

Reconhecer nosso lado frágil, aceitar que nem sempre conseguimos lidar sozinhos com todas as situações e sentimentos e acolher nossa humanidade é o próximo passo para pedir ajuda por meio de uma psicoterapia, e uma atitude de amor, cuidado e compaixão por si mesmo.