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Mentir ou ser honesto? Eis a questão


Já reparou como a mentira faz parte das nossas vidas, desde a infância? Seja por medo, controle, baixa autoestima ou qualquer outra razão, o fato é que esse comportamento social é aprendido e reproduzido pelas pessoas, de uma forma tão natural, que há quem chegue a defendê-lo como uma maneira de sobrevivência.

Mas será que essa é a única opção ou saída para convivermos em sociedade? Independe do tamanho da mentira, observe como na maior parte das vezes ela acaba, por exemplo, envolvendo alguém que pode ser prejudicado. Isso quando não afeta o próprio mentiroso, na vida pessoal ou profissional.

Ou seja, falar para si mesmo uma inverdade pode comprometer inclusive a saúde mental, gerando consequências como: ansiedade em excesso, insegurança, medo de ser descoberto; perdas de diferentes proporções, incluindo problemas no trabalho; descrédito diante dos outros, entre outros fatores.

E quando ela se torna um hábito frequente, sem motivo aparente, pode ser um indício inclusive de uma possível patologia, como a Mitomania: transtorno caracterizado pela necessidade de mentir compulsivamente, mesmo tendo a consciência de que não se trata de uma realidade.

Esse tipo de compulsão é diferente daqueles momentos esporádicos em que a pessoa às vezes falta com a verdade por conta de uma questão social ou situação na empresa. A Mitomania, entre outras psicopatologias relacionadas, está ligada a personalidade do indivíduo.

Victor Godoy, professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, explica em sua entrevista para o Portal O Tempo, que as razões que levam a essa disfunção não estão ligadas à má-fé ou a intenção de causar algum mal aos outros. “Cada transtorno tem suas peculiaridades, mas na Mitomania temos a questão de ambientes aversivos e pais controladores, por exemplo”, que são algumas das razões para desencadear esses comportamentos.


A importância da honestidade


O oposto da mentira é a honestidade, outro conceito socialmente aprendido, que para uns representa o caráter de alguém e os seus valores, enquanto para outros, uma circunstância relativa, dependendo da necessidade e contexto.

O fato é que ser honesto consigo mesmo também pode ser uma atitude que, se praticada com frequência, costuma render bons frutos para o indivíduo, como: maior autoconhecimento, autoconfiança, desprendimento, credibilidade diante dos demais e, consequentemente, melhores escolhas na vida.

Diante das convenções sociais, com suas regras e cobranças, parece difícil ser honesto. Mas quando se adota essa prática é possível perceber no dia a dia os resultados positivos dessa escolha, em todas as áreas da vida.

No livro A mais pura verdade sobre a desonestidade, o psicólogo Dan Ariely realizou alguns testes comportamentais, com cerca 40 mil participantes de diversos países, para chegar à conclusão que há duas grandes motivações comportamentais.

A primeira é de que queremos nos enxergar como pessoas honestas e honradas, e a outra é que, na mesma proporção, buscamos atender aos nossos interesses pessoais, profissionais e políticos.

“Somos criaturas que contam histórias por natureza, e contamos para nós mesmos uma história após outra até gerarmos uma explicação de que gostemos e que pareça razoavelmente crível. E quando a história nos retrata sob uma luz mais brilhante e positiva, tanto melhor”, defende Ariely.

Portanto, apesar da desonestidade ser um comportamento inerente ao ser humano, o autor acredita que pequenas mudanças de hábitos, somadas a decisões mais honestas, podem nos tornar um pouco mais éticos e coerentes consigo mesmo e com os outros ao redor, seja no ambiente de trabalho ou fora dele.


Por Elaine Medeiros, jornalista e psicóloga


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