Responsabilidade Afetiva: não brinque com os sentimentos do outro

Quantas vezes você já não ouviu as expressões: “combinado não sai caro” ou “não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem por você”?
Basicamente é disso que se trata a responsabilidade afetiva ou emocional: não expor nem causar situações de sofrimento desnecessárias ao outro, da mesma maneira que você também não gostaria que fizessem com você.
Acontece que em tempos de redes sociais, onde muitos se sentem no direito de julgar ou divulgar pessoas ou situações, sem o devido respeito ou consentimento, é preciso repensar: qual o tipo de sociedade que queremos conviver? Ou até que ponto estamos respeitando os direitos de cada um ou assumindo os nossos próprios deveres?
Para tornar um ambiente ou uma relação (de qualquer natureza) mais saudável é preciso agir com empatia e tolerância, construir acordos de convivência, respeitar os seus limites e o do outro, comunicar-se de maneira clara que “não dê a entender”, aceitar as diferenças e reconhecer quando você ou a outra pessoa precisam de uma ajuda profissional, como por exemplo, a de um psicólogo, para desenvolver essas habilidades.
Na opinião de Beatriz Pakrauskas, assistente social do Núcleo de Enfrentamento à Violência (NEV) da Mental Clean, essa responsabilidade emocional geralmente é atribuída às relações amorosas, devido as mentiras, traições ou abusos psicológicos que podem surgir, mas na verdade trata-se de um atributo fundamental em qualquer tipo de relação, seja ela de trabalho, com os filhos, a família, os amigos ou consigo mesmo. Afinal, onde há pessoas pode haver conflitos e oportunidades de melhorias.
“Responsabilidade afetiva é assumir o próprio papel dentro da relação com o outro e saber as expectativas que pode ter criado no outro, corrigindo a situação, usando de autenticidade e diálogo. É um processo dinâmico e evolutivo no relacionamento com a outra pessoa onde é preciso ter autoconhecimento”, afirma Beatriz.
Para isso, a autoestima possui um papel fundamental nesse processo. Você não deve, por exemplo, passar por cima dos seus próprios sentimentos para agradar o outro.
Por conta do convívio e dessa responsabilidade emocional é natural que em uma relação vez ou outra seja preciso abrir mão de algo, por causa da outra pessoa, mas isso deve ir até um certo ponto e não pode causar mal a nenhum dos dois.
Um relacionamento saudável e equilibrado precisa ser construtivo para ambos, sem que ninguém se sinta anulado. Por isso, a saúde mental de cada um também precisa estar em dia.
“É evidente que a responsabilidade afetiva pode ter um grau rebaixado ou estar vulnerável quando o outro é dependente de substâncias ilícitas e lícitas, tenha comprometimento de saúde mental grave ou uma codependência emocional. Mas independente disso, é importante usar o diálogo, nunca subentender as expressões e palavras do outro, ter prudência, empatia e estabelecer limites saudáveis para que você seja autêntico nos seus relacionamentos interpessoais”, conclui Beatriz.
Por Elaine Medeiros, jornalista e psícóloga