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Ser um país multicultural é uma riqueza, não uma desvantagem


A diversidade e a inclusão que tanto é pregada nas empresas ultimamente passam pelos casos de regionalismo, com os seus sotaques e culturas diferenciadas, que somadas compõem o povo brasileiro. Apesar disso, a xenofobia (discriminação contra as pessoas de outras culturas e origens) ainda é muito presente dentro e fora das corporações brasileiras.


Expressões, como por exemplo: “seu baiano”, “cabeça chata” ou “mulher macho” são falas que geralmente depreciam as pessoas do Nordeste ou são usadas para discriminar alguém por se comportar ou se expressar de forma diferente.


Uma pesquisa realizada em 2020, pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP mostrou inclusive que “a palavra ‘nordestino’ está impregnada de preconceito e de construções sociais que levam alguns brasileiros de outros estados a enxergarem os migrantes do Nordeste como ‘seres inferiores’ – crença totalmente infundada e que remete aos piores episódios de perseguição da história, tendo por base a ideologia eugenista de que supostamente a biologia poderia selecionar os ‘melhores’ membros da raça humana”.


Para a professora, pesquisadora e coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória da EACH, Valéria Magalhães, os estereótipos construídos em torno dos migrantes que saem do Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia, denotam a construção de “um ser humano inferior, ignorante, feio e sem capacidade de exercer atividades laborais intelectualizadas”, que não sejam os trabalhos informais, domésticos, os serviços de fábricas ou na construção civil.


É por isso que é tão importante darmos um basta a esse preconceito, que se estende também aos diferentes sotaques de outras regiões do país ou às condições sociais do lugar de origem de determinada pessoa.


Afinal, as consequências desses atos podem gerar muitos efeitos negativos para a saúde emocional, tais como: a diminuição da autoestima somada à crença de que a pessoa é incapaz de alcançar sozinha os seus sonhos e objetivos; o crescimento da evasão escolar e da desigualdade social, entre outros fatores.


Um jeito diferente de falar, uma forma de propor outros caminhos e estratégias, um novo prisma diante de uma mesma questão. Tudo isso deveria servir como contribuição, dentro ou fora das empresas, ao invés de reunir olhares de julgamento de que alguém é incapaz somente por ser diferente.


Além disso, muito do que é criado no Norte e Nordeste do país é replicado nas grandes capitais: suas músicas, comidas típicas, bordados e até mesmo a Festa Junina, festejada na maioria dos países.


Percebe como somos multiculturais? Portanto, o primeiro passo para a desconstrução desses estigmas passa pela tolerância e flexibilidade com o que é diferente: “menos eu e o meu ponto de vista” e mais “nós” e o que pode ser feito se juntarmos a nossa força e conhecimento.


Além disso, procurar ouvir ideias diferentes, por mais que sejam divergentes da sua, pode ser um caminho nessa direção.


Proximidade é outro fator que pode contribuir na construção de uma nova identidade coletiva. Por isso, a ajuda e a cooperação em grupo podem fazer toda a diferença.


No fim das contas, não se trata do que “eu penso ou acredito ser o melhor para mim”, mas do que podemos pensar e construir juntos para que seja melhor para todos, afinal somos um país de miscigenados que há séculos reúne em sua história os traços de todos os seus antepassados (índios, africanos, europeus, asiáticos, entre outros).


Por Elaine Medeiros, jornalista e psicóloga

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